BRANCO DIVÃ


Quando escrevo,

Da alma tiro o mal de que padeço



Divido com as linhas a alegria,

A dor, a saudade e o apreço.



Relato a vida que vejo,

Confesso segredos.



Quando escrevo,

Sei que estou viva,

Que ainda me pertenço,



Que a mente ainda trabalha

E de certo espraia um pouco de mim, 

Deixando registro,

Para um dia ser lido,

Quando nada mais houver a ser dito,

Ao menos por mim.



Que este dia tarde a chegar,

Esteja bem longe o fim,

Para que nesse branco divã ainda possa lançar mais do vi

Senti,

E não vivi.

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