Viva a democracia!





Inteirar-se, questionar-se e ao final posicionar-se ante os fatos que movimentam a cena política de um país, quiçá do mundo, é condição sem a qual o indivíduo será apenas um mero indivíduo, um ser biológico despido daqueles atributos que o insere e adequa ao seu verdadeiro papel na sociedade: o de cidadão, ser pensante no pleno exercício e gozo dos seus direitos.


Mas, adentrar nesse controverso universo requer, dentre outras coisas, estrutura emocional para segurar o tranco. Nele, encantos e desencantos, prazeres e desprazeres, venturas e desventuras bailam, passeiam com suas bandeiras, cores, ideologias, promessas, propostas, conteúdos programáticos os mais mirabolantes, semeando euforia, histerismo, amores, receios e dúvidas, sensações tão heterogêneas que, no mínimo, têm o efeito de sacudir, despertar e retirar do limbo tantos quantos estejam vivendo (ou achando que vivem) ao largo das teias dessa irresistível e escorregadia engrenagem social que é a política.


Eis, então, a importância das campanhas eleitorais: instigar, incitar, estimular o engajamento da sociedade nos eventos políticos. Afinal, o que é a democracia, senão o governo do povo pelo povo?


Não temos aqui a presunção de tecermos considerações sobre a política enquanto ciência, nosso intuito é apenas focá-la como a arte de governar e como a aplicação desta arte estará aberta à interação com a sociedade. Aqui vale, mais uma vez, enfatizar a importância da participação da população não apenas como sujeito passivo no processo político, como aquele que por obrigação legal põe o seu voto na urna e acha que cumpriu seu dever, mas como sujeito que tem consciência do mundo à sua volta, que investiga e fiscaliza os atos daqueles que se propõem a representá-lo nas decisões no decorrer do exercício dos atos da vida pública e que repercutirão diretamente no seu cotidiano, ou seja, aquele que é sujeito ativo no processo e tem a devida noção de tal função.


A partir daí emergirão nossas escolhas fundadas, agora sim, em questionamentos e análises; agora sim, teremos condições de dar um basta, de banir da vida pública aqueles que aparecem como assombrações de quatro em quatro anos, nos meses pré-eleitorais (três ou quatro meses), arregaçando as mangas, calçando tênis surrado, beijando criancinhas, subindo em lombo de jumento, comendo bolacha em boteco.... UFA!!! Eu disse meses, em contraponto aos quatro anos que usufruirão as delícias, benesses, rapapés e outras "cositas mais". Viva a democracia!! Ou seria melhor: vivamos a democracia?!




Comentários

  1. Saudações lusco-fuscas! Ana Lúcia Luft ataca novamente! Ufa! Que redação maravilhosa! E sem Zarinha, hein! Parabéns novamente! A partir do seu terceiro texto, prometo que vou parar de demonstrar surpresa! Mas que ótima surpresa! Que estupenda surpresa deparar-me com redatora tão excelente e que por tanto tempo escondeu seu talente do mundo! Que sua vida de articulista (quiçá até escritora) seja bem longa e profícua!

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  2. Não me surpreende nada a desenvoltura da minha mãe com as ideias e com as palavras, por isso que insisti tanto para ela ser minha colaboradora aqui no blog. Parabéns, mamy, mais um belo texto!!!

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  3. É fascinante e empolgante ver a articulação das idéias expressas nesse texto.
    A crítica acima corrobora a Democracia do nosso país. Ainda bem que o Brasil permite a livre expressão e, dessa forma, viabiliza a evolução do pensamento social acerca da relevância da participação consciente dos eleitores.
    Excelente texto.

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