FELICIDADE, ONDE VOCÊ ESTÁ?


Descobrir os caminhos para uma vida feliz é um sonho que persegue a humanidade desde sempre. A felicidade é o grande alvo, mas buscá-la em sua forma plena, total, sem percalços, transtornos ou contrariedades é utópico. Todos nós sabemos. Ela só deixa de ser utopia quando entendemos que felicidade não implica ausência de tristeza. Elas coexistem. Somos felizes e tristes ao mesmo tempo, temos sim, momentos felizes e momentos tristes, que se alternam no curso de nossa existência; nada se eterniza em seu entorno, em suas formas, tristezas e sofrimentos hoje, alegrias e prazeres amanhã.
Há momentos, contudo, em que essa falta de harmonia, esses desacordos, assumem contornos tão absurdos e limítrofes, que nos fazem mergulhar na busca pelo sentido, pela essência da vida, é o momento em que a alma se sente traspassada, penetrada profundamente, é a hora das dores lancinantes, das tragédias que ceifam vidas de muitos e inviabilizam a tantas outras. É nesses momentos que experimentamos a dor e a tristeza em toda sua dimensão, que nos sentimos incapazes de romper a escuridão e reencontrar a luz e ainda crer ser possível gozarmos de momentos de felicidade nessa nossa fragmentada e volátil existência.
Resolver tantas contradições é impossível. Como conviver com os sonhos despedaçados, as perdas irreparáveis, os projetos abortados? Somos impotentes diante de tantas indagações e levados a descrer de tudo, inclusive da existência da felicidade. Aprender a viver com tantas vicissitudes e revezes seria um caminho, descobrindo a criatividade que tantas contradições nos sugerem. Entender que os fracassos não são definitivos, que há muitas possibilidades esquecidas dentro de nós: força, esperança, coragem, fé, e assim seguir reinventando a vida, reconstruindo nossa história, insistindo em buscar a felicidade, mas sem utopias, sem ilusões românticas baseadas na crença em um estado de felicidade eterno e inabalável.
Todas essas discrepâncias nos fazem ver de perto os desdobramentos de tantos desencontros e desvios rumo à felicidade. Mas é nesse momento de percepção do poder transformador que pode se operar dentro de cada um de nós, que podemos experimentar a beleza e a exuberância da existência; é nesse cenário que devemos nos reerguer, sem jamais perder de vista a consciência da nossa fragilidade ante a pujança e imperatividade do destino (ou de Deus, como queiram), que continuará, no seu vagar, tramando contradições : encontros e desencontros, alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, chegadas e partidas... Quem sabe algum dia aprenderemos a nos comprazer com o caminhar - com o caminho - e não apenas com a alegria efêmera da chegada.

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