A AMANTE QUE O MAR LEVOU
Olhos perdidos no infinito,
Dia a fora,
Noite a dentro;
Maria esperava sozinha,
Cabelos ao vento,
Pés fincados na areia molhada, que aos poucos ia cedendo;
Silêncio tormentoso,
O de fora e o de dentro,
O mar cinzento e agitado se jogava contra as pedras,
Que resistiam bravamente;
O farol da colina não iluminava,
Não rompia a negra cortina,
Não mostrava o caminho ao barqueiro,
Que continuava perdido no mar imenso;
Traz-me-o de volta!
Bradava Maria em desespero,
Se queres, dou-me em troca,
Impiedoso!
Avarento!
Impiedoso!
Avarento!
Se não gostas da proposta,
Leva-me mesmo sem troca,
Dou-me de corpo inteiro,
Sem volta,
Sem medo,
Do amor de Maria nada restou,
Até as pegadas na areia,
Na hora da partida,
O mar apagou;
Ela sumiu em meio à névoa das ondas famintas
Dela hoje só se ouve falar em estórias de pescador,
Dizem que é a rainha do mar,
A amante que o mar levou.
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