Entendendo um pouco o movimento feminista
O movimento feminista, entendido como a atuação crítica diante da tomada de consciência acerca das relações de sexo em que a mulher é o elemento dominado, no decorrer de sua história passou por várias fases ou ondas renovatórias: o feminismo igualitário, o feminismo radical ou da diferença e o feminismo pós-moderno. Todas procurando entender a posição subordinada da mulher na sociedade, e passando, a partir daí, a elaborar estratégias de mudança no status social das mulheres, principalmente com o estabelecimento e evidenciação da polarização crítica entre dominação e emancipação.
Após toda uma história de sufocação e apagamento, em que apenas vozes de mulheres revolucionárias eram ouvidas (Aspásia, Christine de Pizan, Marie de Gournay, Aphra Behn, Poulain de la Barre, Virgínia Wolff) pode-se falar em movimento organizado de mulheres, que se corporificou exatamente para romper com o silêncio que envolvia o universo feminino e sua condição de existência social. A situação de subjugação chegou a um ponto de tensão tal que houve a ruptura, o rompimento e, paradoxalmente a esse movimento, houve a união de desígnios em torno da causa feminina, ainda não feminista.
A primeira fase do feminismo pode ser dita igualitária, que objetivava inicialmente a evidenciação da questão feminina como questão sócio-política a ser enfrentada pelo Estado, já que conduzida sob padrões e paradigmas preconceituosos e estigmatizantes estabelecedores de diferenciações irracionais e anacrônicas. Esse momento se notabilizou pelo surgimento de uma dupla atuação: liberal e marxista. A primeira tinha como causa os preconceitos e os estereótipos e se disseminou em ambientes públicos formadores de ideias e opiniões (escolas, igrejas, partidos políticos etc), tendo como estratégia de atuação a educação não sexista e universal e fim de leis discriminatórias. Já o modelo de feminismo igualitário marxista teve como causa a organização econômica e passou a atuar no mundo do trabalho, através de estratégias voltadas ao fim da propriedade privada e a modificações na divisão sexual do trabalho.
Superada essa primeira fase, mas não encerrada, surgem outras necessidades do movimento e novos enfoques de luta. O feminismo radical surge em seguida, tendo como causa principal o patriarcado (forma de organização social em que predomina a autoridade paterna) atuando especialmente sobre as concepções ligadas ao corpo da mulher e a características naturais entendidas como fragilidades (maternidade e sexualidade). Esse momento do feminismo pretendia a formação de uma cultura feminina, do empoderamento feminino com a radical separação dos homens e de seus valores e estabelecimento de lutas contra manifestações políticas, sociais e culturais oriundas do patriarcado. Nesse ponto, surgiu a necessidade de distanciamento do feminino (como signo de fragilidade/inferioridade) e assunção de uma postura feminista (como signo de agressividade/igualdade com o masculino), que repercutiu diretamente no comportamento e no corpo das mulheres, com o intuito de desconstruir as representações imagéticas que as idealizavam com pessoas diferentes (inferiores por algum motivo congênito).
Finalmente, vive-se hoje mais intensamente o feminismo pós-moderno, em que a atuação seccionada se incrementa e fortalece as lutas de certos segmentos ainda marginalizados (feminismo negro, feminismo lésbico, ecofeminismo...) contra bipolarizações restritivas do pensamento por meio da crítica aguda às estruturas sociais ideologicamente sedimentadas.
Não há uma separação refratária e peremptória entre os momentos históricos da evolução do movimento feminista, atualmente coexistindo em suas frentes de luta com maior ou menor intensidade. Ainda hoje se estuda e se debate cada um desses momentos. A evolução foi imensa, mas a luta das mulheres continua em marcha. A criação de uma cultura de igualdade e de respeito à diferença ainda é um desafio abissal para nossa humanidade.
Após toda uma história de sufocação e apagamento, em que apenas vozes de mulheres revolucionárias eram ouvidas (Aspásia, Christine de Pizan, Marie de Gournay, Aphra Behn, Poulain de la Barre, Virgínia Wolff) pode-se falar em movimento organizado de mulheres, que se corporificou exatamente para romper com o silêncio que envolvia o universo feminino e sua condição de existência social. A situação de subjugação chegou a um ponto de tensão tal que houve a ruptura, o rompimento e, paradoxalmente a esse movimento, houve a união de desígnios em torno da causa feminina, ainda não feminista.
A primeira fase do feminismo pode ser dita igualitária, que objetivava inicialmente a evidenciação da questão feminina como questão sócio-política a ser enfrentada pelo Estado, já que conduzida sob padrões e paradigmas preconceituosos e estigmatizantes estabelecedores de diferenciações irracionais e anacrônicas. Esse momento se notabilizou pelo surgimento de uma dupla atuação: liberal e marxista. A primeira tinha como causa os preconceitos e os estereótipos e se disseminou em ambientes públicos formadores de ideias e opiniões (escolas, igrejas, partidos políticos etc), tendo como estratégia de atuação a educação não sexista e universal e fim de leis discriminatórias. Já o modelo de feminismo igualitário marxista teve como causa a organização econômica e passou a atuar no mundo do trabalho, através de estratégias voltadas ao fim da propriedade privada e a modificações na divisão sexual do trabalho.
Superada essa primeira fase, mas não encerrada, surgem outras necessidades do movimento e novos enfoques de luta. O feminismo radical surge em seguida, tendo como causa principal o patriarcado (forma de organização social em que predomina a autoridade paterna) atuando especialmente sobre as concepções ligadas ao corpo da mulher e a características naturais entendidas como fragilidades (maternidade e sexualidade). Esse momento do feminismo pretendia a formação de uma cultura feminina, do empoderamento feminino com a radical separação dos homens e de seus valores e estabelecimento de lutas contra manifestações políticas, sociais e culturais oriundas do patriarcado. Nesse ponto, surgiu a necessidade de distanciamento do feminino (como signo de fragilidade/inferioridade) e assunção de uma postura feminista (como signo de agressividade/igualdade com o masculino), que repercutiu diretamente no comportamento e no corpo das mulheres, com o intuito de desconstruir as representações imagéticas que as idealizavam com pessoas diferentes (inferiores por algum motivo congênito).
Finalmente, vive-se hoje mais intensamente o feminismo pós-moderno, em que a atuação seccionada se incrementa e fortalece as lutas de certos segmentos ainda marginalizados (feminismo negro, feminismo lésbico, ecofeminismo...) contra bipolarizações restritivas do pensamento por meio da crítica aguda às estruturas sociais ideologicamente sedimentadas.
Não há uma separação refratária e peremptória entre os momentos históricos da evolução do movimento feminista, atualmente coexistindo em suas frentes de luta com maior ou menor intensidade. Ainda hoje se estuda e se debate cada um desses momentos. A evolução foi imensa, mas a luta das mulheres continua em marcha. A criação de uma cultura de igualdade e de respeito à diferença ainda é um desafio abissal para nossa humanidade.
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